Vale do Ribeira: território ancestral do povo Guarani
Você sabia que na região do Vale do Ribeira – SP existem dezoito aldeias do povo Guarani, formadas pelos subgrupos Mbya, Avá Guarani e Nhandeva? São elas: Takuari em Eldorado; Tupã Reko em Registro; Peguao ty em Sete Barras; Araçá Mirim e Pindo ty em Pariquera-Açu; Takuari ty, Pakuri ty (Ilha do Cardoso), Rio Branquinho e Ariri em Cananéia; Guavira ty, Jejy ty, Itapuã, Takua ty e Ka'aguy hovy em Iguape; Ambá Porã, Djaikoa ty e Urui ty em Miracatu e Guyrá Pepó em Tapiraí.
O povo Guarani é falante da língua guarani, pertencente ao tronco linguístico Tupi e à família linguística Tupi-Guarani. Dividem-se em três subgrupos: Kaiowa, Nhandeva / Avá Guarani (Xiripa) e Mbya, sendo que os dois primeiros habitam principalmente o estado do Mato Grosso do Sul e o último vive, em sua maioria, no interior e no litoral das regiões sul e sudeste, desde o Rio Grande do Sul até o Espírito Santo, além de estarem presentes no Pará e em mais territórios no Paraguai, Uruguai e Argentina.
No Vale do Ribeira, a presença do povo Guarani é milenar. Por causa da invasão europeia, foram expulsos da costa e viram-se obrigados cada vez mais a refugiar-se em regiões interioranas em busca da sobrevivência. Porém, os Guarani não desistem de lutar pelo reconhecimento de territórios ancestrais no Vale e em outros locais do país com mais florestas, próximos ao oceano – regiões que consideram mais perto de Nhanderu (Deus), Yvy Marãe‘y (terra sem males). Essa reivindicação ocorre há décadas, sempre marcada por conflitos com os não indígenas, resultantes da morosidade do Estado brasileiro em reconhecer e garantir a posse de seus territórios originários, que acabam sendo alvos de violência, invasões e grilagem.
O ensino do resistir para (re)existir
Os Guarani nos ensinam a descontruir valores, ideias, conceitos ao nos mostrar que a força de sua existência, ameaçada profundamente pela violência, pela subjugação, pela perseguição do invasor, do colonizador, não vem da simples resiliência ou acomodação, mas deriva de sua visão de mundo que valoriza e respeita a natureza como uma verdadeira mãe da qual dependemos integralmente; os mais velhos, por carregarem consigo a memória e o sentido existencial do povo; as crianças, por representarem em sua ingenuidade e capacidade de aprender a esperança de um mundo melhor; as mulheres, por gerarem e cuidarem da vida de todos.
Compreender o universo Guarani, ainda que minimamente, nos permite conhecer a origem da resistência e (re)existência secular da nação Guarani em nosso território nacional e transnacional. Acima de tudo, coloca-nos a repensar nossa visão de mundo ocidental, que não constrói relações sociais, econômicas e ambientais saudáveis e sustentáveis.
Em nossa breve existência no planeta como humanidade, temos duas possibilidades: aprender com quem resistente e existe milenarmente respeitando o meio-ambiente ou continuarmos a assistir ao expurgo que a Pachamama exausta vem nos mostrando diariamente de norte a sul.
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