outubro 13, 2021

CORRELAÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COM FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR

O mundo moderno e as mudanças no estilo de vida, como a eliminação gradual de tarefas fisicamente exigentes, podem contribuir para o aumento da adiposidade corporal e para o estabelecimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Caracterizadas por uma etiologia múltipla, as DCNT compartilham diversos fatores de risco modificáveis, como o sedentarismo, a obesidade, as dietas não saudáveis, o tabagismo e o uso nocivo de álcool. Das 17 milhões de mortes prematuras globais por DCNT, 37% são causadas pelas doenças cardiovasculares (DCV).

Diversas descobertas vêm transformando a visão dos profissionais da saúde a respeito do tecido adiposo, de um simples local de armazenamento de gordura para um órgão endócrino ativo (5). O excesso de gordura e sua distribuição corporal relacionam-se com complicações cardiometabólicas que conferem importante risco cardiovascular (RCV) aos indivíduos, tais como resistência insulínica, hipertensão arterial e dislipidemias. Neste contexto, diversos parâmetros têm sido utilizados para avaliar o excesso de gordura e riscos cardiovasculares, como a circunferência do pescoço (CP)

Nos últimos trinta anos, desde a primeira utilização da CP na apneia do sono, estudos vêm associando essa medida à adiposidade na parte superior do corpo, ao acúmulo de gordura nas paredes das artérias carótidas e aos componentes da síndrome metabólica em populações de várias faixas etárias, destacando-se por não ser influenciada pela distensão abdominal ou movimentos respiratórios.

Dentre as atribuições do enfermeiro na prevenção de DCV, ressalta-se a busca por práticas fundamentadas em evidências para avaliação cardiovascular, uma vez que a esse profissional cabe planejar intervenções e envolver a comunidade e a equipe em ações preventivas, principalmente na promoção da atividade física para o fortalecimento cardiorrespiratório e o controle de peso e da alimentação saudável.

Com base nesse contexto, um estudo realizado numa Policlínica de um Centro Universitário localizado no município de Registro, estado de São Paulo, investigou a correlação da CP com outros parâmetros antropométricos, com a pressão arterial (PA), com a glicemia capilar e com fatores de risco modificáveis e não modificáveis presentes. 

A amostra foi constituída de 74 participantes com idade média de 43,0±17,0 anos. Quanto à análise dos fatores de risco, observou-se alta prevalência de sedentários e de história familiar de hipertensão e diabetes. 

A CP correlacionou-se significativamente com o índice de massa corporal (IMC), a circunferência abdominal (CA), a PA sistólica, a glicemia capilar e a idade, além de também ser correlacionada com alto RCV na maioria dos participantes do sexo masculino, com a tendência de a medida ser maior em indivíduos com hipertensão, diabetes e dislipidemias, atuando como um importante parâmetro para avaliação de risco cardiovascular. 

A CP é uma medida de fácil aferição, baixo custo, confiável por estar relacionada significativamente com o IMC e a CA, preditora de alterações cardiometabólicas, podendo ser utilizada entre os profissionais da saúde como um método de estimar o RCV e assim serem capazes de elaborar estratégias de rastreamento e de prevenção à saúde.

Contudo, espera-se que mais pesquisas sobre a circunferência do pescoço sejam realizadas, envolvendo os padrões brasileiros de comportamento, contribuindo, assim, como o presente estudo, para a prática de enfermagem baseada em evidências e para a padronização de seus valores de referência e de seu uso na prática clínica, ainda desconhecidos por muitos profissionais da saúde.

Autores: 

Enfa    Natalia Castaman dos Santos

Enfa Ms.  Gabriela Fulan e Silva

Referência: Rev baiana enferm (2021); 35:e43584

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