
março 24, 2025
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IGUALDADE E JUSTIÇA: O PAPEL DO DIREITO NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES
O Direito da Mulher, enquanto vertente jurídica específica, tem assumido progressivamente maior relevância nos últimos anos, refletindo as transformações sociais e o reconhecimento dos direitos fundamentais femininos. É evidente que significativos avanços legislativos ocorreram nas últimas décadas, porém persistem desafios importantes que necessitam ser debatidos e enfrentados pelo Direito contemporâneo.
A Lei Maria da Penha é um marco essencial na luta contra a violência doméstica e familiar no Brasil. Contudo, a efetividade dessa lei ainda esbarra em dificuldades estruturais, que vão desde a falta de treinamento adequado dos agentes públicos até a insuficiência de recursos materiais e humanos. Além disso, novas legislações têm surgido para complementar o cenário de proteção às mulheres vítimas de violência. Um exemplo relevante é a Lei do Minuto Seguinte, que garante atendimento emergencial, integral e multidisciplinar às vítimas de violência sexual, sem a exigência prévia de apresentação de provas ou boletim de ocorrência. A aplicação efetiva dessas normas legais depende diretamente de investimentos constantes em capacitação e estruturação das redes de atendimento, bem como de um rigoroso monitoramento de sua implementação.
Outro aspecto relevante refere-se à participação feminina na política brasileira. Apesar da legislação prever cotas eleitorais que visam ampliar a participação das mulheres nas disputas políticas, observa-se uma série de dificuldades práticas e culturais. A chamada "candidatura laranja" exemplifica esse desafio, onde mulheres são inscritas formalmente como candidatas, mas sem receber efetivo apoio partidário, configurando-se em um claro obstáculo à plena realização do direito feminino à participação política. Recentes decisões do Tribunal Superior Eleitoral têm buscado combater esse fenômeno, aplicando sanções aos partidos que não cumprem efetivamente com as cotas ou que agem de forma fraudulenta. Contudo, ainda é necessário um profundo debate jurídico e social acerca de mecanismos mais eficazes para garantir uma representação feminina justa e autêntica no cenário político.
A desigualdade de gênero também permanece significativa no mercado de trabalho. Apesar da existência de normas constitucionais e infraconstitucionais assegurando a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções idênticas ou equivalentes, as disparidades ainda são evidentes. Mulheres enfrentam frequentemente barreiras veladas, como discriminação em processos seletivos, limitações para ascensão profissional, além de remunerações inferiores às dos homens em cargos similares. Para enfrentar esse cenário, tem crescido a demanda por políticas empresariais de transparência salarial, bem como iniciativas legislativas que incentivem as empresas a implementar práticas concretas de igualdade. Também é relevante destacar a importância das recentes decisões judiciais que têm reconhecido direitos e compensações às mulheres vítimas de discriminação no trabalho, ajudando a moldar um ambiente laboral mais equitativo e justo.
No campo dos direitos reprodutivos e da autonomia corporal, as mulheres ainda enfrentam desafios jurídicos complexos. A legislação brasileira em relação ao aborto, por exemplo, é considerada restritiva, permitindo a interrupção da gestação em apenas alguns casos específicos, como estupro, risco de vida para a mãe e fetos anencéfalos. A discussão jurídica e social acerca da ampliação ou restrição desses direitos é intensa e polarizada, envolvendo questões morais, éticas, médicas e legais. Decisões judiciais recentes têm indicado uma tendência de interpretação ampliativa de direitos, sobretudo em casos que envolvem a dignidade humana e a saúde das mulheres. Esses casos judiciais são exemplos importantes de como o Direito tem papel central no reconhecimento e garantia de direitos fundamentais femininos.
Portanto, o Direito da Mulher é um campo jurídico dinâmico e essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A ampliação dos debates, tanto em ambientes acadêmicos quanto em espaços sociais, é fundamental para promover avanços reais e significativos. A UNISEPE Educacional, por meio de seu curso de Direito, reitera seu compromisso com a formação jurídica crítica, consciente e capaz de contribuir ativamente para o avanço dos direitos femininos, fortalecendo a luta constante por igualdade e dignidade das mulheres em todos os âmbitos sociais.
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