abril 19, 2023

Logística e cadeia de suprimento global: a lenta recuperação e principais tendências para 2023

  • Principais sinais da lenta recuperação da cadeia de suprimento global;
  • Principais tendências da cadeia de suprimento global para 2023.
 
  1. Principais sinais da lenta recuperação da cadeia de suprimento global
  Existe certo consenso na literatura internacional de que a cadeia de suprimento global está voltando a funcionar um pouco melhor após os severos impactos causados pela pandemia da Covid-19, seguido pelo episódio da guerra envolvendo diretamente a Rússia e a Ucrânia. Entretanto, o mesmo consenso entende que a recuperação da cadeia de suprimento global ainda é lenta e está enfrentando enormes desafios.  Os sinais de recuperação apontam para o fato de que os prazos de frete marítimos estão diminuindo, embora os preços se encontrem em um patamar ainda elevado, mas com tendência de queda; os portos estão menos congestionados e os modais estão voltando a operar normalmente aos poucos; a escassez de produtos diminuiu e os preços dos produtos, em geral, apresentam movimento de queda lentamente; os armazéns se encontram mais cheios e a instalação de fábricas em países de maior proximidade e a relocalização da produção ganharam força neste momento.  Por outro lado, verificamos muitas incertezas e desafios, tais como: a capacidade de retomada da produção chinesa indefinida; os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia continuam; a lenta recuperação das exportações; a oferta limitada de insumos e produtos acabados; a capacidade de armazenamento, em alguns países, atingindo ponto máximo (a exemplo do sul da Califórnia, dentre outros); as necessidades de ajustes nas redes de distribuição terrestres (especialmente nos modais ferroviário e rodoviário); a elevação dos preços dos combustíveis e o aumento da inflação global.  Em síntese, podemos concluir que as empresas e os consumidores, até este momento, não sabem ao certo em quanto tempo os produtos serão fabricados, distribuídos, vendidos e entregues aos clientes. Ou seja, existe ainda muita incerteza sobre o funcionamento como um todo da cadeia de suprimento global. Não é possível dizer que a cadeia de suprimento global se normalizou. Em geral, o que se nota é a sua capacidade maior de resiliência e o enfrentamento limitado, por enquanto, de seus principais desafios.    
  1. Principais tendências da cadeia de suprimento global para 2023
  Diante deste cenário de dificuldade e de enormes desafios, o ano de 2023 se inicia, trazendo consigo as possibilidades de enfrentamento para a recuperação da cadeia de suprimento global que não serão triviais.  De maneira geral, constatamos que a situação global é bastante desfavorável: a mudança climática acelerada; a guerra militar, cibernética e tecnológica; o aumento da desigualdade social e da fragilidade econômica; o acirramento das tensões geopolíticas, marcadas pelos crescentes conflitos e pela violência; a inflação elevada e os poucos investimentos em infraestrutura são algumas das principais tendências que predominam no nosso mundo atualmente. Nesse sentido, espera-se que as empresas priorizem os projetos de curto prazo, buscando racionalizar seus custos como forma principal de obtenção de vantagens competitivas. Na visão de Bertaglia (2023), dentre as principais tendências para a cadeia de suprimento global para o ano de 2023, temos:  
  1. Avanço da sustentabilidade da suplly chain management (SCM): mudanças no uso dos combustíveis, priorizando-se máquinas e veículos elétricos e a consequente necessidade de avançar com a infraestrutura de reabastecimento de energia, baseada em energia limpa e renovável.
  2. Maior integração na cadeia de suprimento global: envolvendo maior proximidade entre fornecedores e produtores e toda a rede de distribuição da cadeia.
  3. Avanço da tecnologia inserida na chamada logística 4.0: aprofundamento e consolidação da inteligência artificial, velocidade de processamento, uso de algoritmos sofisticados, robôs e automatização de processos e de produção, uso de drones, logtechs e optechs, concentração de startups, fábricas inteligentes e sistemas de estoques avançados.
  4. Última milha, devoluções, entregas e fretes: uso de tecnologia no aumento de visibilidade e transparência de estoques e entregas, entregas em tempo real, soluções para confirmação de entrega e pagamento de fretes, logística reversa e consolidação do comércio eletrônico.
  5. Segurança: novos investimentos em segurança física e cibernética.
  6. Revisão da malha logística: projetos para consolidar a malha física, levando em conta localizações de fornecedores e clientes, novos estudos sobre centros de distribuição e localização das fábricas. 
  7. Processos enxutos: manutenção e aprimoramento dos processos enxutos, flexibilizando-se a redução dos níveis de estoques.
  8. Estratégias de sourcing: uso de maior inteligência nas áreas de procurement, sourcing e compras, regionalização e nacionalização dos centros produtivos como alternativas estratégicas de fornecimento.
  9. Diversidade e educação continuada: novas preparações de profissionais com educação mais atualizada e com especializações e avanço do papel das mulheres nas organizações.
  Com base nestas tendências e na lenta recuperação das cadeias de suprimentos globais, fica claro que os desafios serão enormes para este ano de 2023 e, sobretudo, para o futuro da própria cadeia.  Nesse sentido, as empresas que possuem boas estratégias - e demonstraram grande capacidade de resiliência nos últimos anos - indicam que o caminho para a recuperação da cadeia de suprimento global não será fácil, porém, esperançoso e deverá estar acompanhado do paradigma da sustentabilidade da cadeia de suprimento global, bem como, do próprio planeta em que habitamos.   Autor: Prof. Dr. Eduardo Martins Ráo  Professor dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Tecnologia em Processos Gerenciais, Recursos Humanos e Logística, do Centro Universitário do Vale do Ribeira.

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