outubro 30, 2020

Logística no pós-pandemia

A pandemia decorrente da Covid-19 está afetando bilhões de seres humanos, milhões de empresas e centenas de países ao redor do planeta. Muitos de seus impactos já se tornaram visíveis, embora grande parte destes ainda seja vislumbrada apenas remotamente, indicando, ao menos, que importantes mudanças ocorrerão nas vidas, na sociedade e na economia de todo o mundo. Desta forma, dada a amplitude destes impactos, todos os setores da atividade econômica, assim como dos ramos profissionais, serão afetados de alguma maneira. Com a logística não será diferente. Então, este texto falará, brevemente, sobre:

  • O papel estratégico da logística para as empresas e organizações;
  • O mercado de trabalho do profissional da logística;
  • As tendências e perspectivas da logística após a pandemia.

  1. O papel estratégico da logística para as empresas e organizações

A logística tornou-se, nas duas últimas décadas, uma área promissora para as empresas e organizações que buscam profissionais com esta formação. Desde o reconhecimento e a aplicação de toda legislação necessária para que as operações de entrada e saída de mercadorias e serviços sejam feitas adequadamente; da utilização de tecnologia da informação para gerir as atividades logísticas; da identificação de custos de um projeto, de um processo ou de uma operação; da elaboração de planejamentos estratégicos; e da elaboração de ações de melhoria contínua até a gestão da cadeia de suprimentos e a gestão de frotas, estoques, fornecedores, documentos etc., a logística vem cumprindo o seu papel estratégico nas empresas e organizações. Aprender e entender todas essas habilidades e desafios faz o profissional de logística conquistar substancial vantagem competitiva, isto é, possibilitar que uma empresa ou uma organização reúna a competência e o conhecimento que lhe permitam conquistar uma vantagem sobre seus concorrentes.

  1. O mercado de trabalho do profissional da logística

Ultimamente, as empresas procuram especificamente por profissionais com formação em logística; algo raro até pouco tempo atrás, quando muitos profissionais da administração e áreas correlatas ocupavam tais funções. Isso deriva, em grande medida, da evolução técnica e tecnológica que passa a exigir um profissional com conhecimentos mais amplos e, ao mesmo tempo, mais especializados, para as empresas e organizações. Gerente de logística, gerente de cadeia de suprimentos, gerente de operações, supervisor de operações, supervisor de cadeia de suprimentos, analista de resultados das operações logísticas, analista de rotas e meios de transporte e analista de processos logísticos têm sido as principais áreas de atuação dos profissionais da logística em um mercado de trabalho que seguia bastante aquecido até o advento da pandemia.

No mundo pós-pandemia, haverá a necessidade de profissionais que consigam conciliar uma formação ampla com conhecimento específico sobre os complexos sistemas digitais de gestão da cadeia de suprimentos, a diversidade de canais de distribuição e comunicação e a complexa malha de transportes, dentre outros expedientes. Ou seja, este profissional continuará possuindo uma importância fundamental para as empresas e organizações, desde que se torne altamente capacitado e dinâmico frente às mudanças e, principalmente, tenha facilidade para resolver os problemas e propor as soluções mais adequadas.

  1. As tendências e perspectivas da logística após a pandemia

A situação pós-pandemia implica mudanças substantivas na área de logística, em que se aponta a aceleração de algumas tendências que já estavam em curso, aliada a toda uma nova estrutura que precisa ser revista para atender à nova realidade. Será o caso, por exemplo, de se pensar em sistemas logísticos que precisarão ser criados para atender adequadamente a milhões de famílias que passaram a realizar suas compras de forma online. Com isso, se impõe às empresas e às organizações a necessidade de rever suas estratégias comerciais e de transporte: o aumento das vendas online implica uma melhor especialização em entregas urbanas, obrigando transportadoras a se adaptarem ao trabalho com cargas fracionadas, com entregas individualizadas e em diversos pontos do país.

Por outro lado, o relativo aumento das compras em lojas virtuais indica que as empresas precisam aprimorar os seus serviços de entrega, através do crescimento de centros de distribuição regionalizados e de novas formas de entrega ou retirada de mercadorias. Logo, a primeira tendência será a importância da disponibilização e venda de produtos e serviços em lojas online ou marketplace, as quais propiciarão a criação de novos ritmos e cultura organizacional para o processo de logística. Os projetos de aquisição de matéria-prima, o planejamento de produção, o planejamento de produtos e serviços, a distribuição, os modais de transporte, o armazenamento, os tipos de venda e demais elementos deverão ser adaptados a novas situações em função do atendimento de clientes nos meios virtuais.

Em segundo lugar, as empresas mais bem adaptadas à nova realidade deverão enfrentar os desafios de garantir a qualidade e os preços competitivos de seus produtos, juntamente com as estratégias de redução de custo e de transporte eficiente e adequado. O sucesso na operação de seus negócios envolverá, portanto, o uso de novos recursos e de muita pesquisa para superar e reverter a baixa demanda de mercado, acompanhada da queda do poder aquisitivo das pessoas e das empresas. Aqui se coloca o desafio de estudar e conhecer as novas perspectivas de mercado que surgirão, entendendo os novos perfis de consumidores e as novas necessidades em diferentes segmentos de mercado.

Em terceiro lugar, outra tendência fundamental diz respeito às inovações trazidas pela chamada logística 4.0, cuja ideia básica consiste no alto nível de automatização dos processos, na digitalização das atividades, na agilidade no compartilhamento de informações e até mesmo na utilização de mecanismos robóticos para tornar a gestão da empresa cada vez mais eficiente. Softwares de gerenciamento de transporte (TMS), uso de aplicativos para o planejamento de entregas, empilhadeiras autônomas, impressoras 3D e utilização de drones e veículos autônomos para entregas constituem alguns exemplos do que virá no futuro, muitos deles inclusive já em amplo desenvolvimento.

E, finalmente, todas estas tendências indicadas estão acentuadas no quadro recente de guerra comercial entre China e EUA, exigindo a busca das empresas por maior diversificação da cadeia de suprimentos globais e pelo estabelecimento de uma melhor conexão entre diversos pontos de produção e distribuição.

Autor: Prof. Dr. Eduardo Martins Ráo

Professor dos cursos presenciais de Administração, Tecnologia em Processos Gerenciais, Recursos Humanos e Logística do Centro Universitário do Vale do Ribeira.

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