junho 2, 2021

Conecte-se! A importância da empatia durante a pandemia de COVID-19

Josiane Lima de Gusmão

 A pandemia decorrente da COVID-19 levou a grandes mudanças na rotina diária, com interrupções em quase todos os aspectos da vida considerada anteriormente “normal”. A necessidade de seguir novas diretrizes comportamentais e praticar o distanciamento social fez com que nos sentíssemos mais oprimidos por nossa própria ansiedade.

As consequências da doença são indiscutíveis. São milhões de pessoas infectadas pela síndrome respiratória aguda grave causada pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2) e centenas de milhares que morreram ou morrerão de COVID-19. Os esforços para conter a doença resultaram em recessão econômica, com aumento sem precedentes do desemprego em muitos países do mundo. Além disso, uma onda antecipada de problemas mentais e comportamentais está começando a ser documentada, agravada por estressores e incertezas sociais e econômicas que, provavelmente, representarão um fardo para a saúde da população por meses e anos.

Em resposta a esse cenário, a COVID-19 também desencadeou enormes demonstrações de comportamento pró-social com pessoas vindo em auxílio e dando apoio, inicialmente, aos profissionais isolados pelos esforços de contenção, principalmente aos trabalhadores da linha de frente, incluindo médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, cujas responsabilidades os deixam em maior risco de adquirir a infecção, e posteriormente, uma empatia admirável foi evidente para aqueles que foram afetados e para aqueles que morreram de COVID-19.

De certa forma, a pandemia aproximou as populações, gerando um entendimento de que nossa saúde está interligada e que podemos todos estar em risco. Essa compreensão possibilitou, talvez de uma forma inédita, ter empatia pelos doentes e desejar-lhes bem, com a certeza de que poderíamos estar em seus lugares. E isso é empatia, é aproximação objetiva, é conexão, é sentir como se fosse o outro, sem perder a noção de quem você é e qual seu papel no contexto social.

Praticar empatia durante a pandemia é importante e benéfico, não apenas pelos outros, mas também por nós mesmos.  Ter empatia com os outros pode ajudar a nos sentirmos menos solitários e mais conectados. Também aumenta a probabilidade de as pessoas estenderem a mão e ajudarem outras quando precisarem. Além de estimular a conexão social e aumentar os comportamentos de ajuda, praticar empatia também melhora nossa capacidade de regular as emoções em momentos de estresse. Sentir empatia permite que gerenciemos melhor a ansiedade que estamos vivendo sem nos sentirmos tão oprimidos.

Mas como ser empático??

Algumas pessoas são empáticas por natureza, mas há muitas coisas que podem ser feitas para melhorar nossas habilidades de empatia. Já foi mostrado que empatia é uma habilidade emocional que pode ser aprendida. Ouvir os outros, ser solidário, observar as ações empáticas de outras pessoas e imaginar-se na situação de outra pessoa são estratégias que podem ajudar a construir empatia.

Em uma época em que as pessoas estão praticando o distanciamento social, o autoisolamento e a quarentena, é muito fácil ficarmos introspectivos, concentrados apenas em nós mesmos ou em nossa unidade familiar. No entanto, cuidar dos outros é uma das melhores maneiras de lutar contra os sentimentos de isolamento. Assim, mostrar empatia e se envolver em ações úteis, seja fazendo doações para uma instituição de caridade ou escrevendo uma mensagem de apoio para um amigo, pode aumentar nossos sentimentos de conexão social.

Portanto, CONECTE-SE!!! Embora devamos manter distância física de outras pessoas para evitar a propagação do vírus, isso não significa que precisemos estar emocionalmente distantes. Mostre preocupação e se mantenha conectado com as pessoas.

Outro aspecto importante é imaginarmos o quanto algumas pessoas foram afetadas pela pandemia. Devemos lembrar que muitas perderam seus empregos, estão sem renda e com dificuldade para pagar por suas necessidades básicas. Outras mantiveram seus empregos e apesar dos apelos e da compreensão da necessidade de se manter distanciamento social, precisam sair para trabalhar enfrentando transportes públicos lotados, colocando em risco a própria vida e a de seus familiares. Há ainda aqueles que não têm com quem deixar seus filhos, que estão fora da escola há mais de um ano, sofrendo com a falta de interação social, tão necessária para o desenvolvimento infantil. Enfim, são inúmeros cenários, mas o importante é estarmos cientes das dificuldades de cada um porque empatia e compreensão são uma parte crítica da compaixão e, mais importante, da ação. PENSE NOS OUTROS E PROCURE MANEIRAS DE AJUDAR.

É importante lembrar que perante a toda essa problemática devemos ser leves conosco e com os outros. Todos nós temos nossas próprias ansiedades, mas isso não significa que tenhamos que perder nossa bondade em face a uma crise. SEJAMOS GENTIS!

Também devemos ser ATENCIOSOS. É fácil fazer críticas aos outros em tempos de crise, especialmente para aqueles que não parecem levar a situação a sério. Tente lembrar que todos lidam de formas diferentes diante das situações mais adversas. Não podemos esquecer que estamos sendo bombardeados com informações conflitantes advindas de notícias e mídias sociais. As fake news são uma realidade e as pessoas também podem se sentir oprimidas por isso. Embora você não possa controlar o comportamento alheio, pode controlar suas próprias ações e fazer sua parte, compartilhando informações de saúde de fontes legítimas. Peça aos outros para manterem distanciamento social, usarem máscara e tente gentilmente encorajar amigos e familiares a ficarem em casa, lavarem as mãos com frequência e isolarem-se se sentirem sintomas.

AJUDAR AO OUTRO é sempre uma boa saída diante um cenário aparentemente opressor e pode proporcionar uma sensação de controle e fortalecimento. Quando tudo parece caótico e fora de controle, encontrar maneiras de fazer o bem e tornar as coisas melhores para outra pessoa pode ser uma fonte de conforto.

Fique em casa. Uma das melhores coisas que você pode fazer para apoiar os outros é simplesmente ficar em casa. Siga as diretrizes do Ministério da Saúde e de órgãos internacionais como a Organização Mundial da Saúde. Evite aglomerações, fique em casa o máximo possível e pratique o distanciamento social. Ficar fora do caminho ajuda a prevenir a propagação do vírus, o que ajuda a garantir que os profissionais de saúde e os recursos não sejam sobrecarregados.

Diante de uma pandemia que abalou a estrutura mundial, é importante lembrar que todos estão juntos nisso. Pense nos outros, estenda a mão como puder e lembre-se de pedir ajuda se precisar.

Bibliografia

BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus. In: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus.

Galea S. The art of medicine. Compassion in a time of COVID-19. The lancet. May, 2020.

Inagaki TK, Orehek E. On the benefits of giving social support: when, why, and how support providers gain by caring for others. Current Directions in Psychological Science. 2017;26(2):109-113.

Ratka A. Empathy and the development of affective skills. Am J Pharm Educ. 2018;82(10):7192.

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