junho 18, 2021

Manejo da ansiedade em tempos de pandemia.

Nossa dia a dia foi modificado drasticamente por uma situação de medo  e terror, de repente uma doença começa ameaçar nossa saúde física e inicialmente a atacar com mais intensidade os mais vulneráveis pela idade ou alguma comorbidade . 

 Com uma expectativa que fosse uma situação controlada ou talvez  inofensiva , parecia distante da nossa realidade pois em pleno século XXI , com  grande avanço da medicina e técnicas profissionais para infinitos tratamentos , como  também um efetivo atuante de pesquisadores e cientistas em escala mundial ,  tornava a ameaça improvável ou de pouca relevância. 

 Porem, à medida que a doença foi avançando , tanto em alcance  numérico na população com em agravamento dos casos , começamos a vivenciar  uma pandemia em proporções dramáticas . Agora diante de tão grave situação  houve uma corrida insana para de alguma forma solucionar esta demanda e  amenizar seus efeitos que sabemos deixarão sequelas por gerações. 

 A grande controvérsia dos pensadores de saúde , como todas as organizações relacionadas à saúde e às suas implicações, trouxeram uma turbulência  de incertezas e fontes de desesperos que cravaram na população o terror e a incapacidade de gerir e suplantar essa nova realidade. Sabemos que todos somos  supridos por forças vitais dos alimentos , dos relacionamentos diversos e das benesses da espiritualidade . Em condições normais estas “ forças” , promovem  nossa saúde física mental e emocional , conforme definição de saúde pela OMS ,  sugerindo plenitude de vida quando preservados estes pilares da saúde. Porém  com alta necessidade destas energias , poderá , na falta dela, deixarmos  fragilizados , em uma ou mais áreas do nosso complexo universo do existir. 

 As demandas exigidas expõe nossas fragilidades , tornando-nos mais  vulneráveis aos efeitos devastadores do contágio , pós contágios , contágios com  sequelas ou ainda com algum desconforto pela circunstancia , dada pelo isolamento imposto ou fragilidade emocional para resiliência neste momento tão  desafiador. A imunidade física tem sido muito divulgada como forma de prevenir ,  remediar ou curar a tão temida COVID 19 , e é sem dúvida uma alternativa  eficiente e necessária para prevenção inclusive de agravantes e novos  desdobramentos desta peste que assola a humanidade. 

 O tema porem , ao meu ver, deve ter menor ênfase na catástrofe e ter  mais atenção quando se trata de reforços biológicos e psicológicos para  enfrentamento da pandemia . A estrutura das emoções estão abaladas em todas  as esferas , atingindo todos indistintamente , porque o convívio com o medo do  contagio , o contagio , o pós contágio , os caminhos e condutas pós pandemias e  infinitas incertezas nos consomem exaustivamente todos os momentos e faz este  momento desafiador. 

 Podemos sugerir algumas orientações no manejo desta nova realidade ,  como base nas manifestações já constatadas , atribuídas às consequências deste  desafiador momento.

 Os incômodos são os mais variados , principalmente o desconforto emocional , dai sugerimos algumas atitudes simples que poderão contribuir muito  para sua saúde mental. 

Segue algumas dicas: 

  1. Aceite a sua ansiedade. 

Um dicionário define aceitar como dar “consentimento em receber”. Concorde em  receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no  momento, aceite as sensações em seu corpo assim como você aceitaria em sua casa  um visitante inesperado ou desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo,  raiva e rejeição por aceitação. 

Não lute contra as sensações. Resistindo você estará prolongando e intensificando o  seu desconforto. Ao invés disso, flua com elas. 

  1. Contemple as coisas em sua volta. 

Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que você sente.  Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser que aconteça, sem julgamento:  nem bom nem mau. 

Olhe em volta de você, observando cada detalhe da situação em que você está.  Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua  observação interna. 

Lembre-se: você não é sua ansiedade. Quanto mais você puder separar-se de sua  experiência interna e ligar-se nos acontecimento externos, melhor você se sentirá. 

Esteja com ansiedade, mas não seja ela; seja apenas observador. 

  1. Aja com sua ansiedade aja como se você não estivesse ansioso(a), isto é,  funcione com as suas sensações de ansiedade. 

Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha-se  ativo(a)! Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se você fugir, a sua  ansiedade vai diminuir mas o seu medo vai aumentar: donde na próxima vez a sua  ansiedade vai ser pior. Se você ficar onde está e continuar fazendo as suas coisas  bem devagar - tanto a sua ansiedade quanto o seu medo vão diminuir. Continue  agindo, bem devagar! 

  1. Libere o ar de seus pulmões! 

Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e  suavemente pela boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três, prendendo um pouco a respiração e até seis, na expiração. Faça o ar ir para o seu  abdômen, estufando-o ao inspirar e deixando-o encolher-se ao expirar. Não encha os  pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente por sua boca. 

Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, neste estilo e nesse ritmo, e você  descobrirá como isso é agradável. 

  1. Mantenha os passos anteriores. 

Repita cada um passo a passo. Continue a: (1) aceitar sua ansiedade; (2) contemplar;  (3) agir com ela e (4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um  nível confortável. E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos: aceitar,  contemplar, agir e respirar. 

  1. Examine seus pensamentos. Examine seus pensamentos. Você talvez esteja  antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você mesmo já  passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que você pensou  que fosse acontecer. Examine o que você está dizendo para você mesmo(a) e reflita  racionalmente para ver se o que você pensa é verdade ou não: você tem provas de  que o seu pensamento é verdadeiro? Há outras maneiras de você entender o que está  lhe acontecendo? Lembre-se: você está apenas ansioso(a): isto pode ser  desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas  você tem provas reais e definitivas disso? 
  2. Sorria, você conseguiu! 

Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu,  sozinho(a) e com seus próprios recursos, tranquilizar-se e superar este momento.  Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos  estranhos que você passou a compreendê-lo e aceitá-lo melhor. Você agora saberá  como lidar com visitantes estranhos. 

  1. Espere o futuro com aceitação. 

Livre-se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente de sua  ansiedade, para sempre. Ela é necessária para você viver e continuar vivo(a). Em vez  de considerar livre dela, surpreenda-se pelo jeito como você a maneja, como você  acabou de fazer agora. Esperando a ocorrência de ansiedade no futuro, você estará  em uma boa posição para lidar com ela novamente. 

Rolim, J. A., Oliveira A. R. & Batista, E. C. 2020. Manejo da ansiedade e COVID-19 Rev. Enfermagem e Saúde Coletiva, 5(1) 64-74, 2020, ISSN: 2448-394X. Fonte: Rangé & Borba (2008).

Compartilhe em suas redes


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Curta nosso face